IMPACTOS FUTUROS NO AGRONEGÓCIO

        A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos gerou um efeito dominó mundial em relação a economia dos próximos anos. Obviamente, seria inverosímil sob qualquer ponto de vista político ou econômico não considerar os impactos ou benefícios do pleito eleitoral em diversos setores primordiais como o agronegócio.
        Por falar em agronegócios, a nível internacional o Brasil tem se tornado um importante parceiro de negócios da China, exportando principalmente soja, milho, açúcar, carne bovina, carne de frango, celulose e até mesmo carne de porco “in natura”. Essa lista enorme de exportações de produtos brasileiros, se deve principalmente ao início da popularmente conhecida “trade war”, guerra econômica travada entre EUA e China após a eleição do presidente Donald Trump em 2016. Uma série de imposições e altas tarifas foram impostas sobre os produtos chineses e como retaliação a China decidiu reduzir as importações de produtos americanos, abrindo o mercado para o Brasil.
        Embora os aliados mais próximos do presidente eleito nos EUA para os próximos anos insistam em dizer que o setor de agronegócio será tratado como todos os outros setores da economia, ou seja, sem interferências para incentivar o crescimento do mesmo, é sabido que a estrutura de atuação e a forma como o governo ditará as políticas agrícolas e isso impactará diretamente no mercado internacional, beneficiando novamente o Brasil. Somente na safra 2024/25 o nosso país deve produzir 169 milhões de toneladas de soja, dados estes previstos pelo próprio Estados Unidos. Nesse contexto, no qual sabemos que existe a demanda e existe acima de tudo a dificuldade de negociação devido ao tratamento político-diplomático entre EUA e China, porque não superestimar o valor do produto brasileiro? A regra é simples, existe a necessidade, nós suprimos, mas com nosso preço.
        É claro que a regra de procurar reunir esforços para focar em energias renováveis, ampliação de políticas de subsídios a pequenos e médios agricultores, discutir mudanças climáticas e provocar uma reunião do G20 com líderes do mundo todo para combater a fome é importantíssimo, mas a prioridade é sentar na mesa e fechar negócios, pois é este o momento. Prioridades deixam de ser prioridades quando existem mais de uma delas, pois passam a ser opções e não objetivos a serem tratados. O Brasil terá uma excelente produção de commodities no próximo ano, temos boa relação com clientes que tem alta demanda de nossos produtos, e nossos maiores clientes travam uma guerra comercial entre si. Em todo este contexto, é possível alavancar o setor do agronegócio brasileiro para após fechamento de bons acordos e bons negócios, usufruir economicamente e em grande escala, abrangendo desde o pequeno produtor rural até as potentes industrias dos setores agrícolas. Tem que saber fazer e esta é a hora.

Pablo Dávalos
Engenheiro de Produção
Especialista em PPCP – Planejamento, Programação e Controle da Produção
MBA em Gestão Industrial – FGV
Especialista em Solos e Nutrição de Plantas – USP/ESALQ.